"O ESG vai mudar a regra do jogo no varejo", quem afirma é Sandro Benelli, presidente do Conselho Consultivo do Mestrado Profissional da FGV e um estudioso voltado para o pequeno e médio varejista. Em nossa conversa, Sandro ressalta que as práticas ESG não são moda e vieram pra ficar e discute como mesmo pequenos varejistas podem adotar essas práticas em seus negócios.

Ele começa destacando a importância crescente do ESG no mundo dos negócios, à medida que os consumidores e investidores se tornam mais conscientes dos impactos ambientais, sociais e de governança das empresas.  E, explica as três letras do ESG: "E" para ambiental, "S" para social e "G" para governança.

“O ‘E’ está relacionado ao meio ambiente, enquanto o ‘S’ diz respeito às preocupações com as pessoas e o ‘G’ aborda a governança corporativa. “

Sandro observa que o ESG está se tornando uma exigência para as empresas, à medida que os consumidores buscam marcas que demonstrem um propósito claro e um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. As empresas que não adotam práticas ESG estão em risco de serem penalizadas no futuro, em um prazo de 3 a 5 anos. Essa tendência já está presente no setor de serviços, incluindo os bancos.

Sandro menciona que as empresas que promovem práticas de ESG, cultivam vários benefícios: atraem funcionários motivados pelo propósito e que desejam fazer parte de algo maior e tendem a ter menos riscos, o que resulta em menores custos de capital e taxas de empréstimo mais baixas.

Marketing baseado em ESG

Sandro observa que muitas empresas estão adotando abordagens de marketing que promovem seu compromisso com práticas ESG. No entanto, adverte contra o "greenwashing", ou seja, empresas que utilizam marketing enganoso para parecerem mais sustentáveis do que realmente são. O marketing deve ser genuíno e refletir ações reais.

ESG também para os pequenos

Sandro Benelli destaca que as empresas, independentemente do tamanho, podem adotar práticas ESG, mesmo que de maneira simplificada. É importante comunicar o compromisso com a comunidade local, priorizar fornecedores locais e gerar empregos na região. Ele observa que a rastreabilidade de produtos, uma prática comum em empresas maiores, pode ser cara e complexa para pequenas e médias empresas, mas outras ações mais simples podem ser adotadas. As empresas devem começar a implementar práticas ESG de forma consistente e gradual, focando inicialmente em ações que se alinhem com seus recursos e capacidades.

“O bom senso desempenha um papel fundamental nas práticas ESG, e as empresas podem começar com ações simples, como a redução do desperdício de água.”

Nossa discussão termina com a reflexão sobre a correlação entre o ESG e o preço dos produtos e serviços. Sandro menciona que estudos indicam que os consumidores estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços de empresas que seguem práticas de ESG. No entanto, observa que ainda não há um padrão global para medir e comparar as práticas de ESG, o que torna esse campo desafiador para as pequenas e médias empresas.

Sandro Benelli encerra o episódio com uma mensagem direta aos varejistas que ainda não abordaram o ESG: ele os incentiva a iniciar, enfatizando que a adoção de práticas ESG é uma questão de sobrevivência nos negócios, e as empresas que não seguirem esse caminho ficarão para trás.